Eu fui muito longe...passando batida por uma floresta. (Era floresta mesmo?)
Sei que há uma foz. Não sei muito sobre ela, pois seus vestígios são
apenas líquidos que vazam por uma pequena fenda que se abriu em minhas
veias. Eles gotejam: salgada lágrima, ferroso sangue, agridoce gozo. Mas pra onde
eles vão? Cadê o curso desse rio? O vazamento só aparece em alguns
momentos, mais frequentes ultimamente. Pode ser ao ouvir o gemido da
sanfona em Cajuína, ou o timbre perfeito
das vozes em coro dos doces bárbaros. Pode ser ao ver o Sol correndo
atrás das árvores enquanto o ônibus se movimenta, pode ser o olhar fundo
numa íris marrom cintilante. Poderia ser a cada segundo, por cada
buraco, cada pequeno poro, mas o corpo arma barreiras de contenção pra
que ninguém perceba minha alma chorando. Sim, é ela que diz: "Você foi
muito longe. Venha logo me abraçar". Ela me chama de volta à floresta, e
dessa vez eu quero parar lá. Aqui. E ao resto do mundo que tanto reclama, só
posso ter mais a dar quando todo esse ciclo das águas for curado, e a foz puder jorrar.
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