terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Fantasma de mim

Estou exatamente diante das sombras que fizeram de mim.
Ou de luzes refletidas, como queirais chamar,
Mas a mim parece mais coisa daquelas
de assustar

Cansada de projeções, "homenagens", obrigadas
Não preciso de alguém pra me reinventar
Não preciso, nem mesmo pretendo
ser O brilho em vosso olhar
ser a Lua ou qualquer inanimado
com movimentos por vós guiados.

Duvido que se eu engordasse
Mudasse a cor ou o rosto, os padrões
ditados pela elite europeia
Tanto homem falaria em paixões

Não, tudo o que fazeis de mim
É só um quadro, retrato pensado
Pois o ser humano que vive por aqui
Luta por mais que vosso sexual agrado

O ser humano que vive por aqui
Caminha, menstrua, fala, se joga, encerra.
Carrega, pro resto da vida, sua própria história
Independente de romances de novela

O ser humano que vive por aqui
Pode ser viado, assexual, sapatão
Mas aquele fantasma, senhores, que em vossos sonhos diz sim
na realidade sou a mulher, estuprada, culpada, silenciada
quando digo chega! quando digo não.

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