Olá, prazer,
Eu não quero você
Mas quero
Eu menti
Mas te quero sincero
Nada faz sentido
Mas 100% diz que sim
E por aí vai
O ciclo de contradições sem fim...
Desculpa, desculpa
Eu me ataquei e quero atenção
Você também se feriu de arco e flecha
Da seta inversa
Só a pena me atingiu, ninguém morreu
O desprezo nem percebeu
Resultado final: "Não".
Anos e anos
E ânus
Se é pra gente nunca se curar
que viva distante desse mundo urbano
Aprenda a linguagem de pedras, água, árvores
que vegete pra sempre
que do Sol se alimente.
Não quero aprender a ser humana
Não quero aprender a interpretar
mundos oníricos e vida social
Se de nada vai valer
Todos vamos sofrer e morrer
Eu só quero entender como é ser, simplesmente.
Mas existe essa besteira de paz?
Se o ar já nos oxida
eu não quero mais doenças e preocupações
E coisas complexas que dificultam a vida
Nem quero batidas mais rápidas
de um coração em contagem regressiva...
(...Zero.)
Não quero
(Quero!)
Quando morrer já virei
"Quero-quero"
ou qualquer pássaro, de qualquer canção
deprê
-ssão
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Chove, chove, chove. Faz cosquinha em mim. E aquele sorriso, cadê? Aqueles dentinhos... E o timbre coelhinho. A boca formava um coração. Meu abraço, um puro calor, e pontas. Quem conta, canta.
Acalenta minha memória, faz cosquinha e deixa a saudade em seu devido lugar. É difícil der...ramar
Quem estiver assim exatamente agora, é capaz de nem saber me responder ainda. Só depois que iniciamos um caminho controverso em busca de legitimar a nossa verdadeira realidade, liberando um sofrimento velado, é que nos damos conta do quanto estavam produzindo em nós uma pessoa sem carne e sem osso, apenas imagem. Uma pessoa que não era eu, nem você, nem ela, nem ela.
O quão dissimulada uma mulher é capaz de ser? O tanto quanto vocês, “companheiros”, forem capazes de ser manipuladores com ela, em prol de uma Garota Exemplar.
A identidade da Garota Exemplar pode ser estrita ou mais plural, dependendo da cultura e influências que recebe. Algumas mulheres podem se identificar com o que vou descrever em alguns aspectos, mas certamente não em todos. Na minha cultura e no meu mundinho particular influenciado por fadas e princesas, a Garota Exemplar podia ser branca, magra e, principalmente, com um rosto angelical. Ponto positivo pra mim. Sempre me elogiaram nisso.
Você sempre gostou disso em mim. Essa garota podia ser “fofinha”. Quanto mais meiga, mais baixo e fino falasse, mais doce olhasse... mais amor, carinho e elogios eu receberia de você. Quando criança, sem problemas. De início não tive muitas dificuldades nisso de ser fofinha. De certa forma, isso até fazia parte do meu jeito – o que não tem problema nenhum. Porém, obviamente eu não fui sempre só assim. Quando os hormônios começaram a se multiplicar, e a pré-adolescente irritada e insegura, e que (pasme) falava palavrão, começou a disputar essa identidade… a coisa começou a mudar de figura. Você nunca me incentivou a buscar me autoconhecer melhor para passar por esses períodos de transição, e iniciação, à mulher. Eu tentei sozinha, com meu diário. Mas uma pulsão forte em mim queria ser pra sempre fofinha. Infantil. Felizes para sempre.
(Rabisquei muitas páginas tristes de desabafos, que supostamente não eram dignas desse diário. Forjei meus próprios finais felizes).
E então outras Garotas Exemplares não tão angelicais passaram a ameaçar meu imaginário inicial. Vocês também me confundiram, e passaram a ser mais de um “você” exigente. Agora um novo você queria que eu também fosse extrovertida, sexy, que meus peitos crescessem (como você elogiava a cada vez que notava alguma diferença de tamanho neles!), que soubesse fazer sexo oral, como uma menina madura, que pudesse perder a virgindade (com você, é claro!) com no máximo 15 anos. Eu ficava confusa sobre como agradar você dessa vez, sobre o que eu mesma queria, ou devia querer. Não atendi a toda essa soma de requisitos contraditórios, não fui mais fofinha, briguei, te rejeitei, lutei pelas minhas paixões, lutei pela minha liberdade, não perdi minha virgindade nem tão cedo quanto você queria, nem tão tarde quanto você achava que controlaria. Talvez tenha sido o período em que estive mais perto de mim mesma, antes de você me distanciar novamente.
Assumindo que eu nunca chegaria à Garota Exemplar extrovertida, gostosa, que fizesse parte da elite da zona sul do Rio de Janeiro, que fosse “pra casar”, que não tivesse pêlos, e nem muito ciúmes, eu comecei a me odiar e ficar obcecada por você. Meu estômago começou a revirar a cada iminência de morte do nosso relacionamento. Meu chão ondulava e isso me deixava enjoada. Vomitei. Várias vezes. A cada ataque de histeria que eu mesma com minha voz baixa e doce reprimia em minha garganta, mas meu corpo expelia em forma de vômito, febre e outros sintomas, eu mais me repelia da garota ideal pra você. E mais sofria punições por isso. Frieza. Egoísmo, falta de empatia. Vingança. Tudo isso vinha de você, depois que você descobriu que eu não era assim a garota mais casta de todas, pois fiquei com outros garotos, fiquei com teu amigo. E terminei punida e com muita vergonha de ser a louca. “Sai daqui e vai procurar se tratar, garota”. Foi assim que levei meu primeiro pé na bunda por você, foi assim meu grande fracasso como Garota Exemplar. Foi assim meu primeiro gaslighting.
Depois disso tentei me recuperar, mas ainda estava vulnerável demais pra encarar meu esqueleto sem fugir. A selva e as mães de todas as cachoeiras do mundo feminino me chamavam para uma cura com águas, eu ia, mas ainda resistia um pouco em mergulhar, com medo de não ser mais querida por “ninguém”. Você demorou a se manifestar novamente, e veio se aproximando aos poucos de forma mais sutil, ao notar que eu estava me fortalecendo, não era tão boba. Os seus ataques não me atingiam diretamente, mas à mulher que contava sua história antes da minha. Você achou meu ponto fraco. Os medos dela passaram a ser meus também naquela simbiose que não se rompeu direito na infância. E os nossos contos de fadas se esfacelavam bem diante dos nossos olhos. Mas fomos fortes. Mergulhamos juntas. Deixamos a morte-vida chegar, arruinar pra depois reconstruir tudo. Mas não escapamos de sermos abusadas novamente. Objetificadas. Punidas por sermos quem somos.
Quando eu senti na pele e no trauma os seus ataques, foi até mais fácil pra mim dizer “não!”, cortar pela raiz, apontar o dedo na cara. Mas sutilmente eu fui sendo levada a querer estabilidade emocional sendo finalmente a Garota Exemplar Feminista Livre e Bem-resolvida que qualquer companheiro que não fosse tão “machista possessivo à moda antiga” iria desejar. O mais difícil era identificar você crescendo dentro das pessoas que eu amava. Eu poderia então perdoar você por qualquer deslize compreensível de um “homem”, mas meu comportamento não poderia nem chegar perto de reproduzir as mesmas coisas. Iríamos fingir que partimos das mesmas condições, pra conferir o rótulo de IGUALDADE na nossa relação, finalmente apaziguada. Eu não precisaria brigar pra conquistar meus direitos, era só pedi-los. Quando fossem convenientes, você iria me conceder. Era só lembrar aquele tipo de garota ideal sendo apenas fofinha, doce, gostosa, tranquila, compersiva, explorar a sexualidade talvez com outras garotas...continuar agradando. Nunca reclamando, nunca apontando machismo em você, porque isso é uma injustiça, uma calúnia, logo com você! Eu estaria perdendo a cabeça de fazer isso, eu estaria sendo egoísta, cruel, controladora e possessiva se quisesse questionar algo no seu comportamento. Enquanto eu reclamasse, só ganharia de volta a sua frieza, o seu desprezo. Apenas a parte de mim fofinha e compreensiva era digna de ganhar seu reconhecimento, seu amor, seus elogios e carinho. Eu tinha que achar que tinha algo profundamente errado comigo. Aquilo que você gostava e alimentava em mim ainda era uma mistura mais seleta de características da Garota Exemplar que fui moldando ao longo da vida. Todo o resto de que me apropriei e construí, meus trabalhos intelectuais, meus trabalhos na periferia, as coisas que eu achava interessante na internet, as músicas, as teorias feministas, o esoterismo, os ciclos e menstruação, os pêlos e fluidos do corpo, não eram nem nunca seriam tão admirados assim por você. Talvez fossem apenas tolerados, na medida do possível. Na medida em que seus privilégios não fossem ameaçados e eu ainda pudesse te agradar e ser um porto seguro pra você, na figura doméstica (por isso é que minha falta de habilidades culinárias não te agradava, e você me chamava de preguiçosa. não estou nem mencionando a questão da maternidade: isso outras podem expressar melhor que eu). Pra você se alavancar, seguir livre, leve e dominante, como sempre foi, antes de eu nascer.
Porque você não gostava e não gosta de mim. Não gosta de mulheres. Você odeia mulheres. Você mata mulheres.
Pra eu me reconectar a mim mesma, pra eu não morrer, tive que começar a ser mais radical. Me distanciei de você e estou na busca por autoconhecimento e poder. Meus limites agora estão mais visíveis, os conflitos não podem mais ser escondidos, os abusos não podem mais ser silenciados. Eu não sou nem nunca fui nada daquilo que você gostava. A garota que você dizia amar e as que você busca em outros corpos femininos não existe.
O que existem são dissimulações sem carne nem osso. Ou eu, e nosotras, em pessoa, sobreviventes.
As músicas não têm fim. Só existe o instante em que passam a ecoar nas danças da memória.
Os sonhos não têm início nem fim. Eles apenas ganham forma quando o nosso corpo desiste da vigília, e se dissipam em nuvens branquinhas, quase transparentes, quando não há mais como sustentar fechados os olhos.
O tempo é isso.
É como esse brilho fosco do Sol que não esquenta É quando nada mais entra dentro de um corpo chorando de cólicas.
É nosso útero, irmã, Que revira Que avisa Nos avista por dentro E põe pra fora toda a violência que já recebemos sem conseguir dar em troca
Você está certa Porque dói. E eu não sou completa Nem tenho melhor palavra pra te consolar. Mas estou aqui, aberta Esperando quase a mesma chuva salgada terminar de nos encharcar
Iremos nos juntar na mesma terra. E até lá Todos os defeitos, todos os egos poderão nos afastar...
Mas cante comigo, minha amiga! Em prantos! Deixe seu sangue vazar
Dá saudade seus olhos fortes, doces, querida que mostram uma alma feminina, contorcida mirando bem fundo no suspiro do meu lar
Hoje sonhei com um querido amigo, que, irônico e gay, olhava o meu corpo (que estava diferente) e dizia: "Nossa, esse corpo de mulher, farto... quantas histórias, quantas curvas... sai daqui!"
É, é apropriado que a Mulher Selvagem/ Mulher-borboleta seja velha e corpulenta, pois ela traz o mundo dos trovões num seio, e o mundo subterrâneo no outro. Suas costas são a curva do planeta Terra com todos os seus frutos, alimentos e animais. Na sua nuca, ela traz o sol nascente e poente. Sua coxa esquerda guarda todos os pinheiros; sua coxa direita, todas as lobas do mundo. Em seu ventre estão todos os bebês que um dia ainda irão nascer. Uma vez sonhei que estava contando histórias e sentia alguém dando tapinhas no meu pé para me incentivar. Olhei para baixo e vi que estava em pé nos ombros de uma velha que segurava meus tornozelos e sorria para mim. "Não, não" disse-lhe eu. "Venha subir nos meus ombros, já que a senhora é velha e eu sou nova." "Nada disso" insistiu ela. "É assim que deve ser". - Trechos de Mulheres que correm com os lobos
"Cuidarei de você. Mas não quero te tornes dependente. Amarei você. Mas não quero que te sintas aprisionado. Ensinarei você. Mas não quero que te sintas em dívida. Prefiro que te sintas grato.
Sei do teu encantamento e da tua admiração, mas não quero que me imagines um ser humano perfeito. Tampouco desejo me utilizar do poder que me atribuis em prol da minha existência.
Quero te ver um ser independente. Um ser capaz de reconstruir-se a partir da própria matéria quando quem amas vai embora. Eu digo isso, porque sei que cada um daqueles que amamos é um pedacinho da gente. E por motivos, que surgem de uma sacola mágica de motivos, essas pessoas saem da nossa vida. Cedo, ou tarde. Quando elas se vão, é necessário reconstruir a parte que elas levam consigo. É preciso fazer brotar braço onde havia braço, pé onde havia pé, pulmão onde havia pulmão. É preciso fazer isso com calma, é um processo doído, mas é uma dor necessária, portanto, nada de anestesia na reconstrução!
Assim como as alegrias, as dores são necessárias. Ainda assim, não desejo que meu amor seja mais uma dor.
Que meu amor te liberte. Que te acolha. E te dê escolha. Que você fique enquanto puder e quiser. Eu ficarei enquanto puder e quiser. E se um dia, um de nós for, que o outro saiba se reconstruir."
Os fluidos têm insistido em escorrer pra fora de mim
Insistem eles em se mostrar presentes Estarem cores, textura, explícitas e aparentes Manchando e molhando tudo ao contato com minha pele. Tudo, inclusive todos que aceitarem tocar e enxergar a mulher "suja", gosmenta, no cio Chorando de amar Se virando do avesso pra se autoabraçar Transformando seu esqueleto Em alguma coisa.
Que voa.
Os fluidos enredarão meu casulo de borboleta?
~~~versão 2
Orgânica
Fluidos vão insistindo em escorrer de mim Desejam eles mostrar-se presentes Estarem cor e textura aparentes Manchando tudo que se aproximar
Alguns não vão enxergar Além de minha sujeira Meu choro é amor fluido molhando a pele gosmenta
Aqui, viro do avesso Para meu auto-abraço Transformo meu esqueleto Em algo mais escasso
que voa.
Fluidos enredam um casulo de borboleta - ou de pessoa?
Se é pra se definir, mulher, com um homem no centro e às custas de
colocar outras mulheres à margem, que seja feito o manifesto: nem puta,
nem submissa, nem traidora, nem traída, nem coadjuvante, nem estrela
principal, nem sua escrava, nem sua sinhá. Carregamos esses fardos em
todas, pra destruí-los e um dia se livrar - Eu sou como as outras.
(1) “Você não é ‘como as outras’”: esta frase foi internalizada em
nossa socialização como um elogio; uma necessidade afirmativa de se
diferenciar de outras mulheres. Mas o que esta frase revela?; (2)
Primeiro, é importante pensar: quem são ‘as outras’? As outras são todas
as outras mulheres, que aprendemos a não identificar, como diz Simone
de Beauvoir, como “seres humanos”;
(3) Não ser como as outras seria a possibilidade de ser reconhecida como
um ser humano. E não como essa “mulher não humana”, cujas substâncias
constitutivas seriam: "dissimulação, loucura, promiscuidade, burrice";
(4) Para sustentar essa identidade negativa da mulher, que nos é
apresentada desde a infância, muitas mulheres com trabalhos relevantes
são apagadas da história da política, filosofia, arte. De modo que
acabamos reservando a admiração para os homens, que nos são apresentados
como “grandes realizadores”; (5) Aprendemos que homens devem ser admirados e que devemos nos diferenciar das mulheres;
(6) Mas quais são os impactos da manutenção deste pensamento tão
naturalizado? Inicialmente, o não reconhecimento das vivências comuns de
opressão entre mulheres, o que fragmenta, enfraquece e silencia nossas
vozes. Dificulta a construção de uma representação com a qual tenhamos
orgulho de nos identificar. Mantém a humanidade das mulheres nas mãos de
homens, que decidem quem é ou não “como as outras”. É um pilar da
dominação de gênero; (7) E se quebrássemos este ciclo? Admirando
também as mulheres em nossas áreas de atuação profissional, em nossa
família, em nossos círculos sociais, nos aproximando de outras mulheres e
percebendo nossas vivências comuns e nos afirmando também pela
igualdade: eu sou como as outras; (8) O primeiro passo é recusar a identidade negativa e desumana da mulher, que nos é apresentada/imposta;
(9) O feminismo “de internet” ajuda neste construção de identidades
positivas. Não olhamos mais para as capas de revistas, mas para os
nossos selfies. Não lemos mais como “agradar seu homem”, mas como nos
empoderar.
Não precisamos de ninguém para falar por nós: seja
através de memes, de relatos de vivência de opressão ou de leituras
acadêmicas feministas, estamos encontrando nossas próprias narrativas. E
construindo a nossa representação em nós mesmas e nas outras mulheres.
Sou como Simone, Frida, Audre, Angela, Assata, Emma, Rosa, Brunna, Daniela, Marina, Lu. Sou como todas as outras.
essepê esse ipê esse morro esse som de pernambuco meu ouvido já caduco minha boca ainda mole ainda mal sussura no que acredita ainda engole...
senhorita, moça flor, amor, qualquer palavra tosca entra em rima entra em riso não sublima pois não é preciso porque é só de saber e apenas já tocou e pra manifestar vaza nova em tudo junto: timbre, textura, odor-sabor...
coisa estranha e simples essa vida, quanto tanto já passou! (e não foi nada) quanto desse nada que vez em quando não passa! pois cai no lago medroso do "se repete" e nos faz querer fugir, como se fosse monstruoso isso que na verdade é só ciclo (e nos inverte)
transmutantes, seguimos em espiral que encantemos mesmo, tudo isso nunca será igual ao mesmo tempo sempre parecerá o amor tão banal mas seja, ora, dê a língua! que nem quando a criança birra em se mostrar indecente, inteligente sendo boba em encontrar novos utilitários pra tudo que já foi catalogado como existente.
e é assim que inventamos novas brincadeiras pras cidades rivais que usamos palavras parecidas pra descobrir como desfazer nós, distância entre os locais como chegar e ir e cheirar e rir cada vez mais lindo, mais cheio, mais último e primeiro... cada vez, como nunca mais
Eu fui muito longe...passando batida por uma floresta. (Era floresta mesmo?)
Sei que há uma foz. Não sei muito sobre ela, pois seus vestígios são
apenas líquidos que vazam por uma pequena fenda que se abriu em minhas
veias. Eles gotejam: salgada lágrima, ferroso sangue, agridoce gozo. Mas pra onde
eles vão? Cadê o curso desse rio? O vazamento só aparece em alguns
momentos, mais frequentes ultimamente. Pode ser ao ouvir o gemido da
sanfona em Cajuína, ou o timbre perfeito
das vozes em coro dos doces bárbaros. Pode ser ao ver o Sol correndo
atrás das árvores enquanto o ônibus se movimenta, pode ser o olhar fundo
numa íris marrom cintilante. Poderia ser a cada segundo, por cada
buraco, cada pequeno poro, mas o corpo arma barreiras de contenção pra
que ninguém perceba minha alma chorando. Sim, é ela que diz: "Você foi
muito longe. Venha logo me abraçar". Ela me chama de volta à floresta, e
dessa vez eu quero parar lá. Aqui. E ao resto do mundo que tanto reclama, só
posso ter mais a dar quando todo esse ciclo das águas for curado, e a foz puder jorrar.
a lua que é de lua não tem hora certa pra mudar de fase
não precisa de sol ou planetas que cubram/descubram suas metades
ela circula na imensidão negra - ao encontro de certas gravidades que sangram, giram, dançam, gozam enquanto eles pensam ser só amizade
no coito de crateras no amor entre duas esferas
as luas são de luas e ainda amanhecerão nuas nem que o dia as apague