domingo, 17 de maio de 2015

novaidade


essepê
esse ipê
esse morro
esse som de pernambuco
meu ouvido já caduco
minha boca ainda mole
ainda mal sussura no que acredita
ainda engole...

senhorita, moça
flor, amor,
qualquer palavra tosca
entra em rima
entra em riso
não sublima
pois não é preciso
porque é só de saber
e apenas já tocou
e pra manifestar vaza nova em tudo junto:
timbre, textura, odor-sabor...
coisa estranha e simples essa vida,
quanto tanto já passou! (e não foi nada)
quanto desse nada que vez em quando não passa!
pois cai no lago medroso do "se repete"
e nos faz querer fugir, como se fosse monstruoso isso
que na verdade é só ciclo (e nos inverte)
transmutantes, seguimos em espiral
que encantemos mesmo, tudo isso
nunca será igual
ao mesmo tempo sempre parecerá
o amor
tão banal
mas seja, ora, dê a língua!
que nem quando a criança birra
em se mostrar indecente, inteligente
sendo boba em encontrar novos utilitários
pra tudo que já foi catalogado
como existente.

e é assim
que inventamos novas brincadeiras pras cidades rivais
que usamos palavras parecidas pra descobrir
como desfazer nós, distância entre os locais
como chegar e ir
e cheirar e rir
cada vez mais lindo, mais cheio, mais último e primeiro...
cada vez, como nunca mais

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