quarta-feira, 17 de junho de 2015

Carta aberta a você

Por Nina Oliveira

"Cuidarei de você.
Mas não quero te tornes dependente.
Amarei você.
Mas não quero que te sintas aprisionado.
Ensinarei você.
Mas não quero que te sintas em dívida.
Prefiro que te sintas grato.

Sei do teu encantamento e da tua admiração, mas não quero que me imagines um ser humano perfeito. Tampouco desejo me utilizar do poder que me atribuis em prol da minha existência.
Quero te ver um ser independente. Um ser capaz de reconstruir-se a partir da própria matéria quando quem amas vai embora. Eu digo isso, porque sei que cada um daqueles que amamos é um pedacinho da gente. E por motivos, que surgem de uma sacola mágica de motivos, essas pessoas saem da nossa vida. Cedo, ou tarde. Quando elas se vão, é necessário reconstruir a parte que elas levam consigo. É preciso fazer brotar braço onde havia braço, pé onde havia pé, pulmão onde havia pulmão. É preciso fazer isso com calma, é um processo doído, mas é uma dor necessária, portanto, nada de anestesia na reconstrução!

Assim como as alegrias, as dores são necessárias. Ainda assim, não desejo que meu amor seja mais uma dor.

Que meu amor te liberte.
Que te acolha.
E te dê escolha.
Que você fique enquanto puder e quiser.
Eu ficarei enquanto puder e quiser.
E se um dia, um de nós for, que o outro saiba se reconstruir."

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